sexta-feira, 17 de julho de 2020

Visita de Estudo à Casa de Saúde do Telhal - o que dizem os alunos (6)

Este post apresenta um registo descritivo e uma apreciação pessoal da responsabilidade do aluno T. S. do 12º ano, turma I.

No passado dia 30 de fevereiro, a turma realizou uma visita de estudo à Casa de Saúde do Telhal. Esta atividade ocupou todo o dia.
          Tendo chegado de manhã, começámos por assistir a uma palestra dada pelo enfermeiro responsável pela instituição. Este dissertou sobre as suas funções, a história da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus e as particularidades da Casa de Saúde, como as Unidades de Internamento (que podem ser de curta, média ou longa duração, dependendo das necessidades dos utentes), os serviços de reabilitação psicossociais e as residências comunitárias, para doentes praticamente independentes. Os alunos fizeram várias perguntas a que o enfermeiro respondeu.
Em seguida, visitámos o museu. Confesso que esta parte me desapontou. Passámos muito tempo a ouvir falar da vida de S. João de Deus e não o tempo suficiente a conhecer a arte feita pelos utentes ou a história da psiquiatria, que nos pareceram mais interessantes.
Durante a pausa para almoçar, eu e vários colegas tivemos a oportunidade de conhecer e conversar com um dos utentes, chamado Tiago, o que foi tão interessante como agradável, e que julgo que nos tenha ajudado a simpatizar com os indivíduos com a sua condição.
No período da tarde, percorremos as várias oficinas, conectadas parcialmente através de túneis. Começámos pelo Centro de Dia, cuja maioria dos pacientes pode ir para casa todos os dias, e passa apenas uma parte do seu tempo na instituição. É lá que se localizam as oficinas ligadas à produção artística, seja pintura, colagem, literatura, teatro ou outras ainda. Ouvimos o testemunho de dois utentes quanto à sua estadia naquele local e observámos as suas criações e atividades.
De seguida, estivemos na área ligada à formação profissional dada aos doentes capazes de exercer uma ocupação, especificamente o curso de jardinagem, cujos alunos estavam a aprender a distinguir diferentes folhas.
No último espaço, assistimos à atividade de um grupo de pacientes com capacidade cognitiva reduzida, que se mantinham ocupados montando peças fabris. Por fim, foi-nos pedido que nos sentássemos com alguns dos senhores e conversássemos com eles, o que fizemos. Na mesa em que me sentei (juntamente com três colegas), estavam três utentes de meia idade, que se revelaram bastante simpáticos. Um deles estava ocupado a desenhar, pelo que falou menos, mas com os outros dois foi-nos possível interagir e até jogar ao galo e à forca. Um deles fez questão de se levantar para nos cumprimentar e se despedir no fim. O outro deu provas do seu sentido de humor, ao mesmo tempo que nos falava um pouco de si mesmo.
No geral, achei esta visita extremamente produtiva. Não só pudemos ter uma visão mais correta do modo como indivíduos com problemas psicológicos são acompanhados como, e talvez mais importante, nos apercebemos da humanidade destas pessoas, muitas vezes vistas como não mais do que uma doença. O contacto pessoal com eles provou o oposto, permitindo que estabelecêssemos uma conexão. Pelo seu lado, os utentes pareceram-me contentes com a nossa visita, e espero que tenha sido de facto agradável para eles.
Visto do exterior, o complexo pareceu-me a princípio um pouco deprimente, lembrando um lar para idosos, sobretudo devido ao jardim. Contudo, esta impressão dissolveu-se no interior, onde as condições pareciam, tanto quanto me é possível avaliar, perfeitamente adequadas. A maioria dos utentes também parecia relativamente satisfeita, provando que os meus receios eram infundados.
Como já disse, o museu foi para mim o ponto baixo da experiência. Ouvimos algumas coisas interessantes, mas não informação suficiente sobre a história da psiquiatria, que era, afinal, o nosso objetivo. (...)
A parte da tarde foi significativamente mais interessante. Posso dizer que apreciei especialmente as oficinas de Arte, onde os utentes pareciam particularmente contentes. Fiquei convencido do valor da atividade artística enquanto método terapêutico. O momento final de contacto direto foi também muito interessante, e gostaria que tivesse sido mais longo.
A sala de montagem de peças foi para mim um pouco perturbadora, por ser aparentemente tão mecanizada, mas compreendo a necessidade de uma tal atividade.
Mais uma vez, acho que ganhei muito com a visita a este estabelecimento (e creio que os meus colegas concordam), no que toca à forma correta de interagir e apoiar pessoas com doenças mentais. Gostaria bastante de repetir a experiência.
Todavia, embora tenhamos podido contactar com os pacientes, não nos foi dito muito sobre as suas doenças. Gostaria que as várias perturbações e distúrbios mentais fossem analisados mais a fundo, possivelmente em aulas futuras. (...)
Sou definitivamente a favor do regresso à Casa de Saúde do Telhal, mas não sei se tal regresso é exequível.




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